1984. 24 anos passaram desde então. O que terá mudado na nossa cidade? Quais eram os projectos que, na altura, estavam prestes a ser desenvolvidos?
Abrimos o baú das recordações e encontrámos uma entrevista bastante interessante com o Presidente da Câmara José Martins Vieira. Aqui ficam algumas questões que se relacionam com as temáticas que abordámos.
- Quais as principais carências de equipamentos colectivos?
A grande carência é no campo do desporto. O concelho tem hoje uma população que ultrapassa os 180.000 habitantes e não possui um pavilhão gimno-desportivo municipal.
- Relativamente aos equipamentos desportivos estarão previstas algumas unidades neste domínio?
Sim. A cidade desportiva tem já o estudo prévio executado. No corrente ano, a grande acção da Câmara vai ser que esses terrenos venham à nossa posse.
- Mais especificamente quais os equipamentos previstos para a cidade desportiva?
Está prevista uma área de 35ha e os equipamentos são os seguintes: estádio municipal com capacidade para 35 a 45 mil pessoas, uma pista de atletismo, duas piscinas, uma delas coberta, pista de treinos, 4 courts de ténis, parqueamentos, enfim um complexo para o desporto integrado.
- Está também previsto um parque urbano. Para quando o início do projecto e a sua respectiva conclusão?
O projecto já existe, temos todos os materiais técnicos para iniciar a construção do parque urbano. O problema põe-se na aquisição de terrenos. O nosso parque urbano terá cerca de 64ha. É do tipo Central Park, de Nova York, na sua fase original. Vamos procurar manter o máximo de natureza sem grandes equipamentos. Será essencialmente uma zona verde, de recreio e lazer. Está também previsto um lago e essencialmente, aproveitar as condições naturais do terreno.
- E em relação à cultura?
A parte cultural para nós, tem sido um sector de vanguarda. Não nos preocupamos só com a estrada, a escola, o saneamento, mas também com os aspectos culturais. A biblioteca, a sala de exposições, enfim tudo o que diz respeito à cultura, é para nós “um menino querido”, porque pensamos que faz parte determinante da vida de um cidadão.
- Pensa que com todos estes projectos, Almada perderá a sua característica de cidade periférica de Lisboa?
Com o desenvolvimento da cidade, não há dúvida nenhuma que a tendência será para diminuir essa característica de “cidade dormitório”. Mas haverá sempre pessoas a deslocarem-se para Lisboa, para o Barreiro, para o Seixal, etc. A nossa preocupação é fixar as populações que trabalham no concelho mas residem fora dele. A situação não vai, nem pode modificar-se de um momento para o outro, é uma questão que leva mais de que um ou dois mandatos.
27/Abril/1984, Crescimento e periferização da cidade de Almada, Edição da CÂMARA Municipal (adapt)
É extremamente interessante verificar que projectos que se pensaram no passado, foram realmente postos em prática e alguns deles têm hoje uma importância fundamental na vida da população. Está nas mãos dos jovens, como cidadãos activos, fazer hoje projectos que no futuro darão igualmente o seu contributo para o progresso da sua cidade.